Inovação em processos educacionais - SENAI - Brasil
Olá, eu sou Marcelle Minho. Eu sou publicitária de formação e educadora de coração. Trabalho há 20 anos aí nessa tríade educação, comunicação e tecnologia em prol da aprendizagem. Atualmente eu coordeno a área de educação à distância do Centro Universitário SENAI CIMATEC, que agradece imensamente o convite para participar deste evento e a escuta de vocês. Hoje nós vamos falar sobre algo bastante bacana, interessante que é a inovação. O ensino digital.
Ensino digital inovador: desafios e possibilidades. Bom, antes de a gente começar a pensar sobre o ensino digital, é importante que a gente pense a educação como uma área que passa por um grande desafio. Eu gosto sempre de dizer que a educação tem desafios de todas as naturezas. Desde questões sociais, econômicas, e se a gente fizer um recorte para a parte relacionada aos métodos, às estratégias, a gente vai ver que o grande desafio da educação passa pela questão de a gente romper com a lógica da transmissão e finalmente ingressar com tudo na lógica da interação. O que eu estou querendo chamar com a lógica da transmissão? Eu cresci dentro dessa lógica da sociedade da comunicação de massa onde a gente tinha um centro detentor de informações distribuindo informação padronizada de forma uniforme para várias pessoas.
Com os grandes meios de comunicação, a televisão e o rádio. Isso denota um aspecto de repdrodução. A gente tem um centro distribuindo de forma igual, padronizada, reproduzindo para todos os outros. Se a gente parar para pensar, as tecnologias digitais trouxeram para a gente uma nova possibilidade. Pierre Lévy fala isso, que pela primeira vez na história da humanidade a gente tem a possibilidade de romper com essa lógica do um-todos para que a gente possa de fato falar todos-todos.
Com o advento da Internet, a gente tem a possibilidade de interagir com pessoas sem ter nenhum tipo necessariamente de meio de comunicação como a gente tinha na sociedade de comunicação de massa. E essa potencialidade das tecnologias digitas traz pra gente a possibilidade de criar, de colaborar. Traz para a gente a possibilidade de viver com a nova situação que a gente não vivia do ponto de vista da educação. Mas por que acontece isso? Se a gente parar para pensar, a transformação da informação analógica para transformação em bits trouxe uma grande possibilidade de você ter acesso aos meios de produção, e de você manipular essa informação. Quem nunca viu a foto de Monalisa de várias formas? Outro dia mesmo eu recebi no Whatsapp uma figurinha de Monalisa fazendo "vamos lá" Alto e avante.
Por que acontece isso? Porque essa informação foi digitalizada, e com essa possibilidade de a gente manipular a informação, a gente pode fazer muitas coisas. Henry Jenkins, em seu livro Cultura da Convergência, já há um tempo fala isso. Ele fala da cultura da participação, o quanto a gente tem essa condição de, com acesso aos meios de produção, computadores, celulares, a gente tem a possibilidade de, de fato, criar coisas. Criar informações e colocar isso na Internet. E a gente sabe desses últimos anos as transformações que a gente vem tendo em vários setores da sociedade em relação a essa questão do entretenimento, enfim.
Por conta desse processo de digitalização. E na escola? Será que na escola a gente conseguiu absorver todo o potencial que a gente tem do ensino digital? Há bastante tempo a gente vem trabalhando numa perspectiva que acho que já tivemos várias ondas. Tivemos a onda de colocar computador dentro da escola. Tivemos a onda de colocar as disciplinas, laboratório de informática como disciplina dentro do currículo. Mas será que, de fato, a gente está pensando da forma correta? Será que é só colocar a tecnologia dentro da sala de aula que com isso a gente já está transformando, se enquadrando e se ajustando à lógica da interação? Não, né gente.
E é lugar comum, inclusive, a gente falar isso. Que não basta a tecnologia, tem que ser com metodologia. Isso já não é novidade para a gente. O que é, então, que a gente precisa pensar para que a gente consiga superar essa lógica da transmissão? A gente precisa mudar o pensamento da gente. Mudar o pensamento no sentido que a gente favoreça e crie situações e estratégias e experiência de aprendizagem onde o aluno de fato vai poder criar, elaborar, interagir.
E que ele não fique simplesmente ali no meio de estratégias que ele só precisa repetir o conceito. Então, se a gente volta aí um pouquinho para esses anos que a gente passou, de educação na pandemia, que a gente ainda está vivendo isso, infelizmente, em menor intensidade, a pandemia deu uma a gente costuma falar, "ah, fulano deu um empurrão, deu um empurrãozinho no outro", para que ele pudesse fazer alguma coisa, eu acho que a pandemia deu um pontapé na educação. Um pontapé, e jogou a educação lá para frente. É claro que com isso eu não quero ignorar todas as situações que a gente viveu, as mazelas e muito sofrimento. E como a educação na época da pandemia escancarou as questões das diferenças socias, todas as dificuldades que as pessoas, os alunos das escolas públicas.
. . Enfim. Não estou querendo, com isso, ignorar essas dificuldades. Mas eu quero convidar vocês para pensar de um outro lado.
Do lado do crescimento. Que a gente está na zona do crescimento. Que a gente esteve e está. Crescimento em relação a quê? Crescimento em relação, primeiro, à ampliação do uso. Que a gente vê aí que instituições que não estavam ainda dentro desse cenário do ensino digital, ou estavam resistindo bastante a isso, finalmente conseguiram avançar, experimentaram e estão aí agora nesse momento ampliando seu uso.
E pensar também na questão da reinvenção das estratégias de aprendizagem. É inegável que os professores, ao longo desse período, e aqui na instituição em que eu atuo a gente viu isso, a gente está fazendo inclusive uma pesquisa com os docentes no sentido de avaliar o quanto eles cresceram durante esse período de pandemia. Que usaram as tecnologias como os principais recursos para que a gente pudesse dar as aulas e ministrar as aulas. Essa zona de crescimento traz também essa ampliação do olhar, essa ampliação do olhar que diz assim, "Poxa, de fato, a gente pode usar e pode usar de uma forma diferente. Esse ingresso de cabeça, esse mergulho profundo na lógica da interação é de fato essa perspectiva de como é que a gente vai pensar o uso das tecnologias.
E que se a gente parar para refletir um pouco, pensando na tecnologia não como uma perspectiva instrumental, mas numa perspectiva de imbricamento e como esse potencial de ação do homem para realizar coisas, criar, colaborar, transformar, pensando a tecnologia com esse potencial de criação, a gente consegue pensar em estratégias de aprendizagens que fazem com que a gente rompa com essa lógica da transmissão e siga aí para a lógica da interação. Com isso, eu não estou querendo dizer que não vai mais ter aula expositiva, que ensino frontal não existe, não é isso. Mas vejam. Na hora em que a gente entende que a gente precisa sair desse lugar onde a gente está transmitindo conteúdo e consegue ultrapassar isso para um lugar onde a gente está criando junto, onde a gente está conversando, onde a gente está interagindo e construindo, compartilhando coisas com os alunos, a gente consegue pensar em estratégias que podem até não prever as tecnologias naquele momento. Porque na verdade a gente está conseguindo transpor, e não necessariamente apenas aquele objeto e aquele uso.
E isso, gente, é tão importante para a gente pensar coisas, essa mudança de mentalidade, para que a gente possa pensar a partir da lógica da interação é tão importante, porque se a gente parar para pensar, a inovação, ela está aí há bastante tempo. Veja esse estudo que foi feito por uma universidade nos Estados Unidos que mostra que essas tecnologias que a gente diz: "Não, agora a gente está usando sala de aula invertida", desde quando, vejam aí ao longo do tempo que isso é antigo, desde quando isso já está sendo pensado e utilizado. E a gente hoje, em 2022, a gente ainda tem muitas dessas coisas. A gente ainda tem instituições que ainda nem utilizam e muitas dessas coisas ainda estão sendo criadas como algo inovador. Significa que eu tenho que usar tudo isso para estar oferecendo aos meus alunos o ensino digital inovador? Não necessariamente isso, mas a busca por a gente trazer, pensar e criar experiências de aprendizagem cada vez mais interativas precisa estar no DNA da nossa estrutura, do nosso pensamento, do nosso desejo, da nossa vontade.
Porque não adianta, se a gente não consegue pensar novas estruturas curriculares, a gente não vai conseguir ultrapassar desse movimento que a gente vive. E vejam, gente, tanto a escola quanto as universidades, elas foram pensadas e originadas em um período que não é mais a nossa realidade de hoje. A gente hoje vive um contexto, uma sociedade totalmente diferente. Mas a educação continua ainda, boa parte, nos mesmos parâmetros. Outro dia eu estava discutindo em relação à questão da cultura digital, o quanto a cultura digital já está imbricada, nos modos de fazer e de ser das pessoas, em diversas áreas.
Mas se a gente parar para pensar, a educação é uma das poucas áreas da sociedade onde a cultura digital ainda a gente não pode dizer assim que, realmente, ela está, ela aparece de uma forma bem contundente. Como esse processo de imbricamento das pessoas com as tecnologias, veja os bancos, por exemplo, as questões financeiras. Hoje em dia, acho que tem anos que eu não vou na minha agência. Que eu faço tudo usando as tecnologias. As próprias plataformas governamentais, cada vez mais estão utilizando as tecnologias.
As tecnologias estão imbricadas aí, perpassando por vários setores. Mas na educação, a gente ainda consegue encontrar instituições que ainda pensam a educação do mesmo jeito. Dentro dessa perspectiva hierarquizada, de muito controle. Então, o que a gente está trazendo com a possibilidade de você inovar? É a gente parar para pensar em estruturas que sejam mais aderentes, mais adequadas a essa lógica da interação que a gente vive, a essa sociedade que a gente vive atualmente. Que são os ecossistemas educacionais.
Ao invés de a gente pensar as estruturas educacionais sob a ótica da interação é pensar também em ecossistemas educacionais. Que pensam a integração do humano com o tecnológico, que está pautado em três palavras-chave. A questão da flexibilidade, a questão da personalização e das metodologias de aprender fazendo. Então não tem para onde correr, a gente precisa trazer para o aluno essa possibilidade de ele realizar. Tem um psicólogo que fez um trabalho muito bacana, Mihaly, ele inclusive faleceu recentemente.
Ele estudou durante anos a possibilidade de - ele queria responder a seguinte pergunta: o que deixa as pessoas felizes? E ele levou anos estudando para chegar à conclusão que esse estado de flow, que ele chama, no seu livro "Fluir", é sempre relacionado a algo que as pessoas estão fazendo, realizando. Então é muito importante que a gente também possa esclarecer, disponibilizar experiências de aprendizagem que façam com que o aluno fique tão inebriado realizando aquilo, tão conectado com aquilo que esqueça o tempo passar, esqueça inclusive o quanto difícil está sendo para poder realizar, que é o conceito do estado de flow trazido por Mihaly. Então, de fato a gente precisa ter esse olhar, essa possibilidade - usar as tecnologias digitais para que a gente possa de fato personalizar a aprendizagem, e para isso as tecnologias digitais têm um potencial fantástico. A gente está vendo todo o potencial dos algoritmos. E que a gente possa pensar essa intencionalidade do que a gente está fazendo.
Que aí eu trago a perspectiva da formação de competências, que a gente possa estar sempre entendendo qual é o objetivo de aprendizagem que eu vou alcançar realizando aquela estratégia. Aí, como pilares, como desdobramentos, na verdade, da questão da integração dos humanos e do tecnológico, a gente tem autoria docente e essa possibilidade de eu ver o professor numa perspectiva de que ele está ali para realizar junto comigo e pensar essa estrutura da estratégia de aprendizagem, da educação à distância. Isso tem sido muito pensado e discutido aqui na instituição, que a gente vê, a gente tem entendido o professor como um designer mesmo da experiência de aprendizagem aluno, que junto com o designer do quadro nacional planeja isso de uma forma muito diferenciada e temos tidos um excelente rresultado. Em relação a esse planejamento. O professor na perspectiva de que ele está ali para planejar junto, e não para a gente chegar e dizer: "Ele é o professor, me vê aí por favor uma apostila de quarenta laudas sobre determinado assunto, e depois eu vou pegar aquele conteúdo e trabalhar aquilo ali com outros profissionais que não são necessariamente a pessoa especialista que mais, como posso dizer, melhor tem condição de dizer se a mídia e o potencial de que possa passar aquele conteúdo para o aluno.
Essa perspectiva é bem bacana, tem surtido bastante efeito. A questão das comunidades de prática como esse espaço onde os professores conseguem trocar experiências entre eles, onde eles conseguem se ajudar, e como um grande espaço de formação continuada para além das semanas acadêmicas duas vezes no ano, a comunidade de prática visa trazer essa continuidade a esse processo de troca de informação ao docente. A questão tecnológica aí também ficou muito importante, a importância de a gente ter um ambiente virtual de aprendizagem, por exemplo, como a gente tem o canvas, que possibilita que as instituições possam criar outras coisas e integrem, que possibilita que o professor facilmente possa fazer, dar um feedback ao aluno com apenas um clique, gravar um áudio, gravar um vídeo ou mesmo escrever um texto. Que possibilite que o aluno possa se organizar a partir do que está colocado lá pela unidade curricular. E essas questões de soluções de conexão, sobretudo nas instituições públicas, isso é muito importante porque, sem conexão, a gente não consegue usufruir do potencial do que a gente está falando, de todo esse potencial das tecnologias digitais.
O ecossistema educacional vem com essa possibilidade, é o meu tema, inclusive, da minha tese de doutorado que ainda está em curso, ele vem com essa possibilidade de a gente pensar a educação de uma forma diferenciada a partir da lógica da interação. E aí, gente, fica esse convite à reinvenção. A inovação, na verdade, não está em coisas. Ela está na gente. Ela está nesse desejo de pensar as coisas de uma forma diferente.
Ela está nesse desejo de pensar estratégias educacionais que de fato favoreçam a interação. Que estejam alinhadas com o nosso tempo. Que favoreçam a criação, o compartilhamento. A inovação, o ensino digital inovador, está em cada um que pensa a educação de uma forma diferente. Que de fato a gente pode usar uma outra tecnologia, e deve, porque as tecnologias estão aí ao nosso dispor, como muitas coisas que podem facilitar, sobretudo nesse processo de personalização, nesse processo de a gente conseguir fazer uma atividade, usar uma metodologia ativa numa sala com cinquenta alunos, por exemplo, as tecnologias possibilitam isso.
Mas, mais do que isso, a inovação está dentro da gente. Como a gente pensa usufruir desse potencial das tecnologias digitais no mundo em que a gente vive. Esse é o convite que eu faço para vocês, e espero que a gente possa viver e vivenciar grandes ideias e grandes projetos a partir da lógica da interação. Muito obrigada.
Ensino digital inovador: desafios e possibilidades. Bom, antes de a gente começar a pensar sobre o ensino digital, é importante que a gente pense a educação como uma área que passa por um grande desafio. Eu gosto sempre de dizer que a educação tem desafios de todas as naturezas. Desde questões sociais, econômicas, e se a gente fizer um recorte para a parte relacionada aos métodos, às estratégias, a gente vai ver que o grande desafio da educação passa pela questão de a gente romper com a lógica da transmissão e finalmente ingressar com tudo na lógica da interação. O que eu estou querendo chamar com a lógica da transmissão? Eu cresci dentro dessa lógica da sociedade da comunicação de massa onde a gente tinha um centro detentor de informações distribuindo informação padronizada de forma uniforme para várias pessoas.
Com os grandes meios de comunicação, a televisão e o rádio. Isso denota um aspecto de repdrodução. A gente tem um centro distribuindo de forma igual, padronizada, reproduzindo para todos os outros. Se a gente parar para pensar, as tecnologias digitais trouxeram para a gente uma nova possibilidade. Pierre Lévy fala isso, que pela primeira vez na história da humanidade a gente tem a possibilidade de romper com essa lógica do um-todos para que a gente possa de fato falar todos-todos.
Com o advento da Internet, a gente tem a possibilidade de interagir com pessoas sem ter nenhum tipo necessariamente de meio de comunicação como a gente tinha na sociedade de comunicação de massa. E essa potencialidade das tecnologias digitas traz pra gente a possibilidade de criar, de colaborar. Traz para a gente a possibilidade de viver com a nova situação que a gente não vivia do ponto de vista da educação. Mas por que acontece isso? Se a gente parar para pensar, a transformação da informação analógica para transformação em bits trouxe uma grande possibilidade de você ter acesso aos meios de produção, e de você manipular essa informação. Quem nunca viu a foto de Monalisa de várias formas? Outro dia mesmo eu recebi no Whatsapp uma figurinha de Monalisa fazendo "vamos lá" Alto e avante.
Por que acontece isso? Porque essa informação foi digitalizada, e com essa possibilidade de a gente manipular a informação, a gente pode fazer muitas coisas. Henry Jenkins, em seu livro Cultura da Convergência, já há um tempo fala isso. Ele fala da cultura da participação, o quanto a gente tem essa condição de, com acesso aos meios de produção, computadores, celulares, a gente tem a possibilidade de, de fato, criar coisas. Criar informações e colocar isso na Internet. E a gente sabe desses últimos anos as transformações que a gente vem tendo em vários setores da sociedade em relação a essa questão do entretenimento, enfim.
Por conta desse processo de digitalização. E na escola? Será que na escola a gente conseguiu absorver todo o potencial que a gente tem do ensino digital? Há bastante tempo a gente vem trabalhando numa perspectiva que acho que já tivemos várias ondas. Tivemos a onda de colocar computador dentro da escola. Tivemos a onda de colocar as disciplinas, laboratório de informática como disciplina dentro do currículo. Mas será que, de fato, a gente está pensando da forma correta? Será que é só colocar a tecnologia dentro da sala de aula que com isso a gente já está transformando, se enquadrando e se ajustando à lógica da interação? Não, né gente.
E é lugar comum, inclusive, a gente falar isso. Que não basta a tecnologia, tem que ser com metodologia. Isso já não é novidade para a gente. O que é, então, que a gente precisa pensar para que a gente consiga superar essa lógica da transmissão? A gente precisa mudar o pensamento da gente. Mudar o pensamento no sentido que a gente favoreça e crie situações e estratégias e experiência de aprendizagem onde o aluno de fato vai poder criar, elaborar, interagir.
E que ele não fique simplesmente ali no meio de estratégias que ele só precisa repetir o conceito. Então, se a gente volta aí um pouquinho para esses anos que a gente passou, de educação na pandemia, que a gente ainda está vivendo isso, infelizmente, em menor intensidade, a pandemia deu uma a gente costuma falar, "ah, fulano deu um empurrão, deu um empurrãozinho no outro", para que ele pudesse fazer alguma coisa, eu acho que a pandemia deu um pontapé na educação. Um pontapé, e jogou a educação lá para frente. É claro que com isso eu não quero ignorar todas as situações que a gente viveu, as mazelas e muito sofrimento. E como a educação na época da pandemia escancarou as questões das diferenças socias, todas as dificuldades que as pessoas, os alunos das escolas públicas.
. . Enfim. Não estou querendo, com isso, ignorar essas dificuldades. Mas eu quero convidar vocês para pensar de um outro lado.
Do lado do crescimento. Que a gente está na zona do crescimento. Que a gente esteve e está. Crescimento em relação a quê? Crescimento em relação, primeiro, à ampliação do uso. Que a gente vê aí que instituições que não estavam ainda dentro desse cenário do ensino digital, ou estavam resistindo bastante a isso, finalmente conseguiram avançar, experimentaram e estão aí agora nesse momento ampliando seu uso.
E pensar também na questão da reinvenção das estratégias de aprendizagem. É inegável que os professores, ao longo desse período, e aqui na instituição em que eu atuo a gente viu isso, a gente está fazendo inclusive uma pesquisa com os docentes no sentido de avaliar o quanto eles cresceram durante esse período de pandemia. Que usaram as tecnologias como os principais recursos para que a gente pudesse dar as aulas e ministrar as aulas. Essa zona de crescimento traz também essa ampliação do olhar, essa ampliação do olhar que diz assim, "Poxa, de fato, a gente pode usar e pode usar de uma forma diferente. Esse ingresso de cabeça, esse mergulho profundo na lógica da interação é de fato essa perspectiva de como é que a gente vai pensar o uso das tecnologias.
E que se a gente parar para refletir um pouco, pensando na tecnologia não como uma perspectiva instrumental, mas numa perspectiva de imbricamento e como esse potencial de ação do homem para realizar coisas, criar, colaborar, transformar, pensando a tecnologia com esse potencial de criação, a gente consegue pensar em estratégias de aprendizagens que fazem com que a gente rompa com essa lógica da transmissão e siga aí para a lógica da interação. Com isso, eu não estou querendo dizer que não vai mais ter aula expositiva, que ensino frontal não existe, não é isso. Mas vejam. Na hora em que a gente entende que a gente precisa sair desse lugar onde a gente está transmitindo conteúdo e consegue ultrapassar isso para um lugar onde a gente está criando junto, onde a gente está conversando, onde a gente está interagindo e construindo, compartilhando coisas com os alunos, a gente consegue pensar em estratégias que podem até não prever as tecnologias naquele momento. Porque na verdade a gente está conseguindo transpor, e não necessariamente apenas aquele objeto e aquele uso.
E isso, gente, é tão importante para a gente pensar coisas, essa mudança de mentalidade, para que a gente possa pensar a partir da lógica da interação é tão importante, porque se a gente parar para pensar, a inovação, ela está aí há bastante tempo. Veja esse estudo que foi feito por uma universidade nos Estados Unidos que mostra que essas tecnologias que a gente diz: "Não, agora a gente está usando sala de aula invertida", desde quando, vejam aí ao longo do tempo que isso é antigo, desde quando isso já está sendo pensado e utilizado. E a gente hoje, em 2022, a gente ainda tem muitas dessas coisas. A gente ainda tem instituições que ainda nem utilizam e muitas dessas coisas ainda estão sendo criadas como algo inovador. Significa que eu tenho que usar tudo isso para estar oferecendo aos meus alunos o ensino digital inovador? Não necessariamente isso, mas a busca por a gente trazer, pensar e criar experiências de aprendizagem cada vez mais interativas precisa estar no DNA da nossa estrutura, do nosso pensamento, do nosso desejo, da nossa vontade.
Porque não adianta, se a gente não consegue pensar novas estruturas curriculares, a gente não vai conseguir ultrapassar desse movimento que a gente vive. E vejam, gente, tanto a escola quanto as universidades, elas foram pensadas e originadas em um período que não é mais a nossa realidade de hoje. A gente hoje vive um contexto, uma sociedade totalmente diferente. Mas a educação continua ainda, boa parte, nos mesmos parâmetros. Outro dia eu estava discutindo em relação à questão da cultura digital, o quanto a cultura digital já está imbricada, nos modos de fazer e de ser das pessoas, em diversas áreas.
Mas se a gente parar para pensar, a educação é uma das poucas áreas da sociedade onde a cultura digital ainda a gente não pode dizer assim que, realmente, ela está, ela aparece de uma forma bem contundente. Como esse processo de imbricamento das pessoas com as tecnologias, veja os bancos, por exemplo, as questões financeiras. Hoje em dia, acho que tem anos que eu não vou na minha agência. Que eu faço tudo usando as tecnologias. As próprias plataformas governamentais, cada vez mais estão utilizando as tecnologias.
As tecnologias estão imbricadas aí, perpassando por vários setores. Mas na educação, a gente ainda consegue encontrar instituições que ainda pensam a educação do mesmo jeito. Dentro dessa perspectiva hierarquizada, de muito controle. Então, o que a gente está trazendo com a possibilidade de você inovar? É a gente parar para pensar em estruturas que sejam mais aderentes, mais adequadas a essa lógica da interação que a gente vive, a essa sociedade que a gente vive atualmente. Que são os ecossistemas educacionais.
Ao invés de a gente pensar as estruturas educacionais sob a ótica da interação é pensar também em ecossistemas educacionais. Que pensam a integração do humano com o tecnológico, que está pautado em três palavras-chave. A questão da flexibilidade, a questão da personalização e das metodologias de aprender fazendo. Então não tem para onde correr, a gente precisa trazer para o aluno essa possibilidade de ele realizar. Tem um psicólogo que fez um trabalho muito bacana, Mihaly, ele inclusive faleceu recentemente.
Ele estudou durante anos a possibilidade de - ele queria responder a seguinte pergunta: o que deixa as pessoas felizes? E ele levou anos estudando para chegar à conclusão que esse estado de flow, que ele chama, no seu livro "Fluir", é sempre relacionado a algo que as pessoas estão fazendo, realizando. Então é muito importante que a gente também possa esclarecer, disponibilizar experiências de aprendizagem que façam com que o aluno fique tão inebriado realizando aquilo, tão conectado com aquilo que esqueça o tempo passar, esqueça inclusive o quanto difícil está sendo para poder realizar, que é o conceito do estado de flow trazido por Mihaly. Então, de fato a gente precisa ter esse olhar, essa possibilidade - usar as tecnologias digitais para que a gente possa de fato personalizar a aprendizagem, e para isso as tecnologias digitais têm um potencial fantástico. A gente está vendo todo o potencial dos algoritmos. E que a gente possa pensar essa intencionalidade do que a gente está fazendo.
Que aí eu trago a perspectiva da formação de competências, que a gente possa estar sempre entendendo qual é o objetivo de aprendizagem que eu vou alcançar realizando aquela estratégia. Aí, como pilares, como desdobramentos, na verdade, da questão da integração dos humanos e do tecnológico, a gente tem autoria docente e essa possibilidade de eu ver o professor numa perspectiva de que ele está ali para realizar junto comigo e pensar essa estrutura da estratégia de aprendizagem, da educação à distância. Isso tem sido muito pensado e discutido aqui na instituição, que a gente vê, a gente tem entendido o professor como um designer mesmo da experiência de aprendizagem aluno, que junto com o designer do quadro nacional planeja isso de uma forma muito diferenciada e temos tidos um excelente rresultado. Em relação a esse planejamento. O professor na perspectiva de que ele está ali para planejar junto, e não para a gente chegar e dizer: "Ele é o professor, me vê aí por favor uma apostila de quarenta laudas sobre determinado assunto, e depois eu vou pegar aquele conteúdo e trabalhar aquilo ali com outros profissionais que não são necessariamente a pessoa especialista que mais, como posso dizer, melhor tem condição de dizer se a mídia e o potencial de que possa passar aquele conteúdo para o aluno.
Essa perspectiva é bem bacana, tem surtido bastante efeito. A questão das comunidades de prática como esse espaço onde os professores conseguem trocar experiências entre eles, onde eles conseguem se ajudar, e como um grande espaço de formação continuada para além das semanas acadêmicas duas vezes no ano, a comunidade de prática visa trazer essa continuidade a esse processo de troca de informação ao docente. A questão tecnológica aí também ficou muito importante, a importância de a gente ter um ambiente virtual de aprendizagem, por exemplo, como a gente tem o canvas, que possibilita que as instituições possam criar outras coisas e integrem, que possibilita que o professor facilmente possa fazer, dar um feedback ao aluno com apenas um clique, gravar um áudio, gravar um vídeo ou mesmo escrever um texto. Que possibilite que o aluno possa se organizar a partir do que está colocado lá pela unidade curricular. E essas questões de soluções de conexão, sobretudo nas instituições públicas, isso é muito importante porque, sem conexão, a gente não consegue usufruir do potencial do que a gente está falando, de todo esse potencial das tecnologias digitais.
O ecossistema educacional vem com essa possibilidade, é o meu tema, inclusive, da minha tese de doutorado que ainda está em curso, ele vem com essa possibilidade de a gente pensar a educação de uma forma diferenciada a partir da lógica da interação. E aí, gente, fica esse convite à reinvenção. A inovação, na verdade, não está em coisas. Ela está na gente. Ela está nesse desejo de pensar as coisas de uma forma diferente.
Ela está nesse desejo de pensar estratégias educacionais que de fato favoreçam a interação. Que estejam alinhadas com o nosso tempo. Que favoreçam a criação, o compartilhamento. A inovação, o ensino digital inovador, está em cada um que pensa a educação de uma forma diferente. Que de fato a gente pode usar uma outra tecnologia, e deve, porque as tecnologias estão aí ao nosso dispor, como muitas coisas que podem facilitar, sobretudo nesse processo de personalização, nesse processo de a gente conseguir fazer uma atividade, usar uma metodologia ativa numa sala com cinquenta alunos, por exemplo, as tecnologias possibilitam isso.
Mas, mais do que isso, a inovação está dentro da gente. Como a gente pensa usufruir desse potencial das tecnologias digitais no mundo em que a gente vive. Esse é o convite que eu faço para vocês, e espero que a gente possa viver e vivenciar grandes ideias e grandes projetos a partir da lógica da interação. Muito obrigada.